sexta-feira, 21 de março de 2014

(...)

Tacteio o fogo. A alma aconchega-se.
Teus lábios pressionam meu pescoço, como de medo o perder se tratasse.
Tuas impressões digitais marcam-me como tua, e teus lábios selam os meus, como implorando por ousadia.
Sorrisos trocam-se, assim como olhares.
Meus lábios estão vermelhos e inchados pela ferocidade com que os devoras, e meu coração cantaroleia acelerado.
Minha língua acaricia tua orelha, e rio-me por dentro. Penso para mim mesma "não há melhor que isto".
Entre fazeres e não fazeres, oferecemo-nos um ao outro.
Melhor oferenda que alguma vez já existiu.
Mas tudo o que é maravilhoso, um dia acaba.
Foge-nos pelas mãos como areia se tratasse.
Sorrio através das lágrimas, e desvanecendo por dentro digo "-Não faz mal".
Porque para mim, nunca está mal.
Nunca dói. Nunca há algo de errado.
Podem fazer o que quiserem, que meus lábios para sempre ditarão -"Não faz mal".
E santa menina preenche seus lábios com divina curvatura.
E é então, que te oferecendo um último beijo, digo -"leva-me ou deixa-me. Não sou perfeita, mas valo a pena. Responde-me..."
E por entre fugaz nevoeiro desapareço.
Pois eu sei e sempre soube que nunca terei privilégio de ter tal resposta.
E para ser sincera? Estou apaixonada pela indecisão.

Mesmo esta dilacerando-me, pouco a pouco, a uma velocidade que arrepia até o próprio medo e luz.

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